sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Chave do desenvolvimento cortical

Cientistas identificam gene responsável pela formação do córtex cerebral. Descoberta poderá ser importante para o desenvolvimento de terapias com células-tronco para tratamento de lesões cerebrais e doenças degenerativas

18/01/2008

Agência FAPESP – Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Irvine identificaram um gene que é especificamente responsável por gerar o córtex cerebral, uma descoberta que pode levar a terapias com células-tronco para o tratamento de lesões cerebrais e doenças como derrames e mal de Alzheimer. O estudo foi publicado na edição desta sexta-feira (18/1) da revista Science.

A equipe liderada por Edwin Monuki, do departamento de Patologia da universidade, descobriu que o gene chamado Lhx2 instrui as células-tronco do cérebro em formação para gerar o córtex. O gene “criador de córtex” era procurado há muitos anos pelos cientistas.

O córtex é a parte do cérebro responsável pelas mais elevadas funções cognitivas e sensoriais como a linguagem, a tomada de decisões e a visão. Sem a ação do gene, não há formação de córtex cerebral.

“Essa nova informação sobre o papel do Lhx2 no desenvolvimento cortical pode potencialmente ser utilizada na pesquisa com células-tronco para fazer crescer novos neurônios do córtex que possam substituir os que forem danificados no cérebro”, disse Karla Hirokawa, doutoranda do Laboratório de Medicina e Biologia Celular e do Desenvolvimento, segunda autora do estudo.

“A descoberta tem implicações para os contínuos esforços voltados para a recuperação de pessoas que sofreram derrame e para retardar o progresso de doenças neurodegenerativas”, disse Karla.

O Lhx2 está no grupo dos genes – conhecidos como genes seletores – que agem durante momentos decisivos do desenvolvimento embrionário e fetal, dirigindo as células-tronco ao crescimento em partes específicas do corpo, como cérebro, sangue e ossos.

Em testes com roedores, os pesquisadores descobriram que a atividade do Lhx2 como seletor cortical é crítica apenas durante o estágio em que o córtex em desenvovimento está sendo construído por células-tronco – mas não antes ou depois dessa fase.

Além disso, eles descobriram que as células-tronco corticais que não expressam o gene Lhx2 se transformam em outro tipo de célula – conhecido como células de bainha – que induzem as células vizinhas a formar o hipocampo, que é a parte mais antiga do cérebro em termos de evolução, e o principal centro de memória.

O papel do Lhx2 no desenvovimento cortical tem amplas implicações no campo nascente da pesquisa com células-tronco. O laboratório de Monuki está atualmente estudando como ativar os genes Lhx2 em células-tronco neurais, inciciando o processo no qual as novas células corticais começam a crescer.

“Se formos bem-sucedidos, o conceito de utilização do Lhx2 para incutir células-tronco com propriedades corticais pode ser a base de estudos clínicos que possam um dia auxiliar no tratamento de pacientes”, disse Monuki.

Em dezembro, os pesquisadores do laboratório de Monuki publicaram um estudo que identificava um novo método para selecionar células-tronco que, segundo eles, é mais rápido, mais simples e mais barato que as técnicas atuais. O método poderia, no futuro, permitir terapias para pessoas com diferentes doenças que vão de lesões no cérebro e coluna vertebral até as doenças de Parkinson e Alzheimer.

O artigo Lhx2 Selector Activity Specifies Cortical Identity and Suppresses Hippocampal Organizer Fate, de Edwin Monuki e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.




http://www.agencia.fapesp.br./boletim_dentro.php?data[id_materia_boletim]=8312

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Artigo relata produção de embriões humanos clonados

17/01/2008 - 16h29

Nova York - Pesquisadores nos Estados Unidos anunciaram ter produzido embriões que são clones de dois homens, um passo rumo ao desenvolvimento de células-tronco com valioso potencial terapêutico. O novo relato documenta embriões criados a partir de células comuns da pele. Mas esta não é a primeira vez em que clones humanos embrionários são feitos. Em 2005, por exemplo, cientistas do Reino Unido informaram ter usado células-tronco embrionárias para gerar um embrião clonado. Ele amadureceu o bastante para gerar células-tronco, mas nenhuma foi extraída.

Os novos embriões não geraram células-tronco e, por conta disso, a nova pesquisa foi recebida com frieza pela comunidade científica. "Acho difícil determinar o que há de novo", disse o pesquisador Doug Melton, do Instituto de Células-Tronco de Harvard. Ele disse que o desafio é "criar uma linhagem de células-tronco embrionárias humanas" a partir de embriões clonados. O cientista coreano Hwang Woo-suk havia alegado, anos atrás, ter obtido tais linhagens, mas sua pesquisa se revelou uma fraude.

Um dos autores do novo estudo, Samuel Wood, que é também o principal executivo da empresa Stemagen Corp., disse que seus colegas agora tentarão desenvolver as linhagens. O trabalho foi publicado na edição de hoje do periódico Stem Cells. Cientistas dizem que células-tronco de embriões clonados poderiam representar uma importante ferramenta para o estudo de doenças, testes de novas drogas e, talvez, a criação de tecidos para transplante.

Mas há objeções. O processo "envolve a criação de vidas humanas em laboratório apenas para destruí-las para o suposto benefício de terceiros", disse o porta-voz da Conferência dos Bispos dos EUA, Richard Doerflinger. No estudo atual, pesquisadores extraíram células da pele de Wood e de outro voluntário e produziram três embriões com DNA que correspondia ao dos homens.

AE-AP

http://noticias.uol.com.br/ultnot/brasil/2008/01/17/ult4469u17482.jhtm