segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Técnica promete reduzir rejeição a células-tronco

Pesquisa da UFMG potencializa o tratamento de doenças a partir de embriões


Minimizar a rejeição do corpo aos tratamentos com células-tronco, embrionárias ou adultas, é um dos grandes desafios da ciência moderna. Pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveu uma técnica capaz de evitar esse problema.

Células-tronco são uma espécie de células curingas, capazes de se transformar em qualquer tecido do corpo. Aperfeiçoada, a técnica pode salvar vidas ao regenerar, por exemplo, o tecido de um coração que esteja perdendo seus componentes celulares.

No estudo realizado em mais de um ano e meio pelo professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFMG Selmo Geber, foram separadas células de um embrião que, em seguida, foram isoladas até que células-tronco fossem formadas.

“Ao contrário das demais células-tronco adultas, que se adequam ao próprio indivíduo, esperamos que essas possam ser aplicadas em qualquer pessoa”, disse.

Os detalhes do procedimento só serão divulgados após publicação do estudo em uma revista científica, o que acontecerá até o fim deste ano.

Geber, que também é diretor da Rede Latino-americana de Reprodução Assistida, não esconde a satisfação do resultado conquistado.

“Ao contrário das demais células-tronco, que se adequam a determinados indivíduos mas rejeitam outros, criamos uma que pode ser aplicada em qualquer pessoa”.

Após ser publicada, a pesquisa deverá passar para a fase de testes de eficácia.  “

É maravilhoso darmos esperança a um paraplégico que sonha voltar a andar ou a um cego que deseja enxergar”, diz.

Outra pesquisa inédita desenvolvida a partir de células-tronco e que deve chegar ao mercado até o fim do ano que vem é o tratamento para doenças da retina.

Desenvolvida pela Universidade São Paulo (USP) e pelo oftalmologista do D’olhos Hospital Dia, Rubens Siqueira, o estudo, que já foi publicado pelo jornal norte-americano Retina Journal, revela o primeiro tratamento realizado em seres humanos.

“Essa reposição celular tem potencial para melhorar a qualidade visual em pacientes que foram anteriormente considerados incuráveis”, explica Siqueira.

As células-tronco utilizadas na pesquisa proveem de células adultas, retiradas da medula óssea do próprio paciente.

Segundo o médico, essa medida extingue o risco de rejeição.

“As células-tronco são implantadas no vítreo do globo ocular do paciente, estimulando o funcionamento da retina”.

A segunda etapa dos testes, que tem inicio programado para março, será capaz de avaliar se a terapia tem potencial de estabilizar a doença ou produzir a melhora no campo visual.

O tratamento vai beneficiar principalmente os portadores de degeneração macular (doença que atinge um a cada 3 mil habitantes e está relacionada com a idade).

Segundo o oftalmologista, a doença também está entre as quatro maiores doenças que causam a cegueira no mundo.

Outra pesquisa realizada em São Paulo e que também privilegiou a área oftalmológica utilizou células-tronco retiradas da polpa de dente de leite.

Desenvolvida pelo Instituto Butantan, o tratamento busca restaurar a visão, reconstruindo a córnea lesada.

Para esse estudo, foram recrutados voluntários que já passaram por cirurgia.

Se o tratamento passar nos testes de eficácia, a expectativa do instituto é que, até 2012, a técnica seja liberada a outros pacientes.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Clonagem "Reprodutiva" X Clonagem "Terapêutica"


A Clonagem Reprodutiva é pretendida para produzir uma duplicata de um indivíduo existente. 

É utilizada a técnica chamada de Transferência Nuclear (TN): 

Baseia-se na remoção do núcleo de um óvulo e substituição por um outro núcleo de outra célula somática. 

Após a fusão, vai havendo a diferenciação das células 

Após cinco dias de fecundação, o embrião agora com 200 a 250 células, forma um cisto chamado blastocisto. 

É nesta fase que ocorre a implantação do embrião na cavidade uterina. 

O blastocisto apresenta as células divididas em dois grupos: camada externa (trofoectoderma), que vai formar a placenta e o saco amniótico; e camada interna que dará origem aos tecidos do feto. 

Após o período de gestação surge um indivíduo com patrimônio genético idêntico ao do doador da célula somática.



Ilustração de Sirio J. B. Cançado para o suplemento especial clonagem da
pesquisa fapesp nº 73, de março de 2002


A Clonagem "Terapêutica" é um procedimento cujos estágios iniciais são idênticos a clonagem para fins reprodutivo, difere somente no fato do blastocisto não ser introduzido em um útero. 

Ele é utizado em laboratório para a produção de células-tronco (totipotentes) a fim de produzir tecidos ou órgão para transplante. 

Esta técnica tem como objetivo produzir uma cópia saudável do tecido ou do órgão de uma pessoa doente para transplante.

As células-tronco são classificadas em dois tipos: células-tronco embrionárias e células-tronco adultas. 

As células-tronco embrionárias são particularmente importantes porque são multifuncionais, isto é, podem ser diferenciadas em diferentes tipos de células. 

Podem ser utilizadas no intuito de restautar a função de um órgão ou tecido, transplantando novas células para substituir as células perdidas pela doença, ou substituir células que não funcionam adequadamente devido a um defeito genético (ex.: doenças neurológicas, diabetes, problemas cardíacos, derrames, lesões da coluna cervical e doenças sangüíneas). 

As células-tronco adultas não possuem essa capacidade de se transformar em qualquer tecido. 

As células musculares vão originar células musculares, as células de fígado vão originar células de fígado, e assim por diante. 

Esta técnica esbarra numa delicada questão: após a coleta das células, o embrião seria descartado. 

Seria lícito matar uma vida para salvar outra? 

Mas, afinal, quando começa mesmo a vida?




Ilustração de Sirio J. B. Cançado para o suplemento especial clonagem da
pesquisa fapesp nº 73, de março de 2002
Leonardo Leite
revisado por Giselda MK Cabello